Você já ouviu falar em síndrome do intestino irritável? Você tem ou conhece alguém que tenha essa condição? Vamos conhecer e entender um pouco mais sobre essa doença.

O que é síndrome do intestino irritável?

A síndrome do intestino irritável, conhecida pela abreviação SII, é um distúrbio gastrointestinal funcional, ou seja, não apresenta nenhuma lesão ou alteração nos órgãos, trata-se apenas de uma manifestação na função, daí o nome funcional.¹

Quais os sinais e sintomas de um paciente com SII?

A SII é caracterizada por dor abdominal associada a alteração na forma ou na frequência das fezes, não associada a alterações estruturais ou bioquímicas.¹

A prevalência varia na dependência da população estudada, sendo mais frequente em mulheres jovens e pacientes com comorbidades psicológicas. Existe clara associação entre a SII e o estresse e ansiedade.^1,2

Os sintomas apresentam-se como: dor abdominal em cólicas recorrentes acompanhados de quadros de diarreia, ou constipação intestinal ou ambos os sintomas se alternando.^1,2

Por que um paciente desenvolve a SII? 

A causa dessa síndrome ainda não está totalmente esclarecida, mas além dos componentes estresse e ansiedade, outro importante fator desencadeante é a disbiose, que consiste em uma alteração da flora intestinal, ou seja, um desequilíbrio entre bactérias que fazem bem ao intestino versus aquelas que fazem mal ao intestino. Isso provoca uma alteração na comunicação de um eixo conhecido como cérebro-intestino, que está explicado a seguir.²

Existe uma ligação entre o cérebro e o intestino?

Sim, sabia que o cérebro e o intestino “conversam” e interagem através de vias nervosas e hormonais? Quando um deles está alterado, o outro se altera também.³ Um exemplo bem conhecido por pessoas que moram em cidades do interior é o termo “pessoa enfezada”, caracterizada ser um indivíduo mal-humorado, ranzinza, bravo, irritado e enfezado, ou seja, constipado (intestino preso).

Quando isso ocorre, é importante que o cérebro e intestino voltem a “conversar” de maneira adequada, tratando o “enfezado” por meio do retorno do equilíbrio do eixo cérebro-intestino. Podemos fazer isso harmonizando a flora intestinal, utilizando substâncias conhecidas por probióticos e trabalhando a parte emocional do paciente. Com isso, existe uma melhora importante na irritação, na ansiedade, no sono e, principalmente, no hábito intestinal.³

</h3> Conheço uma amiga que tem SII com diarreia, e outra tem SII com constipação intestinal. Isso é possível? </h3>

Sim, existem três tipos de SII: a SII com obstipação predominante (constipação intestinal), a SII com predomínio de diarreia e, ainda, a SII com hábitos intestinais mistos, diarreia ou constipação se intercalando.^1,2

O tratamento é o mesmo para qualquer uma delas: regular o eixo cérebro-intestino.^3,4

A SII tem tratamento? Qual é?

O tratamento começa por trabalhar os principais quadros desencadeantes: estresse, ansiedade e disbiose (alteração da flora intestinal). No alívio das cólicas é indicado analgésicos específicos para SII.^1,2

Na SII, devemos deixar os pacientes cientes do diagnóstico e da importância da adesão ao tratamento proposto por seu médico.

Por que o uso de probióticos auxilia no tratamento da SII?

Vários estudos clínicos atestam que os probióticos agem por vários mecanismos como:^3,4

• aliviar as cólicas pelo retorno ao ritmo intestinal normal;
• ajustar a flora intestinal e melhorar a saúde como um todo do ambiente interno do intestino;
• e, principalmente, melhorar a comunicação do eixo cérebro-intestino.

ATENÇÃO!

Fique atento se você vem apresentando dor abdominal em cólicas, por, no mínimo, uma vez na semana nos últimos meses, relacionada a alteração da frequência ou consistência das fezes. Procure seu médico, para que ele possa examiná-lo(a) e solicitar todos os exames necessários. Se diagnosticada a SII, inicie o tratamento o mais precoce possível. A síndrome não tem cura, mas é possível controlá-la por meio de terapias e de sua adesão ao tratamento.

Referências 

1. Ford AC, Sperber AD, Corsetti M, Camilleri M. Irritable bowel syndrome. The Lancet. Functional Gastrointestinal Disorders 2020;396(10263):1675-88.
2. Lacy BE, Pimentel M, Brenner DM, Chey WD, Keefer LA, Long MD, et al. ACG clinical guideline: management of irritable bowel syndrome. Am J Gastroenterol. 2020;00:1-28.
3. Barbara G, Feinle-Bisset C, Ghoshal UC, Quigley EM, Santos J, Vanner S, et al. The Intestinal Microenvironment and Functional Gastrointestinal Disorders. Gastroenterology 2016;150(6):1305-18.
4. Barbara G, Cremon C, Azpirz F. Probiotics in irritable bowel syndrome: Where are we?. Neurogastroenterol Motil. 2018;30(12):e13513.