Conhecida pelo seu papel na manutenção de ossos fortes, a vitamina D também está associada a uma série de aspectos da saúde dos homens
Além de desempenhar um papel importante na composição de ossos fortes1 e na regulação de mecanismos da imunidade do organismo2, nos homens a vitamina D pode estar associada a maiores quantidades de testosterona (principal hormônio sexual masculino) e a um menor número de disfunções sexuais ou mesmo a problemas de fertilidade3,6.
Nesse sentido, é importante garantir a quantidade ideal de vitamina D para o corpo. A boa notícia é que o consumo de determinados alimentos (como carne, leite e ovos), o uso de suplementos apropriados e, acima de tudo, a exposição constante à luz solar podem ajudar a manter o patamar adequado desse nutriente1,7.
Em determinados casos, a avaliação médica pode ser necessária para indicar a necessidade de suplementação, principalmente em grupos de maior risco para deficiência de vitamina D. Entre eles estão7:
- Idosos
- Gestantes
- Pessoas que não podem se expor à luz solar
- Portadores de osteoporoses e doenças que atinjam ossos e músculos
- Portadores de doença renal crônica
- Pacientes com doenças que atrapalhem a absorção de nutrientes
- Pacientes que usam medicamentos que possam interferir na metabolização da vitamina D
A vitamina D na saúde do homem
Embora atue em diferentes partes do organismo, a vitamina D é reconhecida por contribuir com a absorção do cálcio, permitindo o desenvolvimento e a manutenção de ossos fortes. Logo, níveis inadequados dessa vitamina estão associados a doenças como osteoporose e raquitismo (problema no desenvolvimento ósseo que atinge sobretudo as crianças), por exemplo8.
Mais recentemente, a relação entre os níveis de vitamina D e alguns pontos da saúde masculina vêm sendo investigados por médicos e cientistas.
Uma das possíveis conexões estudadas envolve a associação entre vitamina D e níveis de testosterona. Esse hormônio tem papel importante na sexualidade masculina, incluindo a libido e a produção de espermatozoides. Além disso, a testosterona está envolvida em traços secundários do corpo do homem, como o desenvolvimento de pelos corporais, a alteração da voz na puberdade e na composição muscular9.
Com isso, estudos já conseguiram associar a suplementação de vitamina D e um maior nível de testosterona no organismo5. Além disso, a comparação entre grupos de homens com diferentes níveis desse nutriente no corpo apontou que aqueles com menor quantidade do nutriente apresentam maior grau de problemas sexuais, incluindo dificuldade de ereção, menor desejo sexual e problemas para alcançar o orgasmo. No mais, esses mesmos indivíduos apresentam mais sintomas depressivos4.
A redução da vitamina D no organismo atrapalha a fertilidade masculina, reduzindo a mobilidade dos espermatozoides3,6. Apesar disso, mais estudos precisam ser feitos para entender melhor tal questão.
O risco de deficiência desse nutriente
Diante da suspeita de deficiência de vitamina D estar prejudicando a saúde, pode ser necessário investigar o problema com ajuda profissional. Ele pode indicar a realização de um exame de sangue para medir quanto do nutriente circula no organismo.
Entretanto, o posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia em conjunto com Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial[PDF-147kb] não orienta que seja feita a avaliação do nível de vitamina D no organismo de forma ampla7. Portanto, a menos que haja indicativos de algum problema relacionado à deficiência de vitamina D, os exames para medi-la não são recomendados para todo mundo7.
Nos casos em que os exames para medir a vitamina D são necessários, são utilizados valores de referência para avaliar os resultados7. Assim, os níveis indicados de vitamina D no organismo são7:
- Acima de 20 ng/mL para população saudável até 60 anos
- Entre 30 e 60 ng/mL para grupos com maior risco de deficiência
Em todo caso, é preciso sempre tomar cuidado: valores que ultrapassam 100 ng/mL são tóxicos e podem provocar problemas de saúde. Um deles é a chamada hipercalcemia, devido ao acúmulo de cálcio no corpo7.
O uso da suplementação da vitamina D
O Sol é a melhor “fonte” de vitamina D. Com a sua luz, nosso organismo produz entre 50 e 90% de toda a demanda por esse nutriente8. E não é preciso nenhum grande banho de Sol para isso. Expor cerca de 40% do corpo por aproximadamente 20 minutos ao dia costuma ser o suficiente11. O restante da necessidade diária de vitamina D costuma vir da alimentação8. Derivados de peixes, leite e carne bovina costumam ser as principais fontes do nutriente no prato11. Nos casos em que a deficiência de vitamina D for constatada, a suplementação é recomendada.
Geralmente ela é feita por meio da ingestão da vitamina D3 (também chamada de colecalciferol e compatível da vitamina D12). A dose varia de acordo com a idade, com o grau de deficiência, a cor da pele e o nível de exposição ao Sol, entre outros fatores. De qualquer forma, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia recomenda doses de manutenção que variam entre 400 e 2000 UI ao dia.12 Em casos mais graves de deficiência, quantidades maiores podem ser indicadas até a correção do problema12.
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Referências:
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- DE ANGELIS, Cristina et al. The role of vitamin D in male fertility: A focus on the testis. Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders, v. 18, p. 285-305, 2017. Disponível em:<https://link.springer.com/article/10.1007/s11154-017-9425-0> Acesso em 28 de junho de 2023.
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- Ministério da Saúde. Essencial para o corpo, vitamina D tem como principal forma de absorção a exposição correta ao sol. Ministério da Saúde, 4 Ago 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/essencial-para-o-corpo-vitamina-d-tem-como-principal-forma-de-absorcao-a-exposicao-correta-ao-sol>. Acesso em 28 de junho de 2023.
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