O Alzheimer é uma doença degenerativa e progressiva do cérebro que afeta pessoas idosas. Com o tempo, funções cerebrais como memória, linguagem, cálculo e comportamento ficam cada vez mais comprometidas, levando o paciente a uma dependência para executar suas atividades diárias de vida.1
Com o comprometimento da memória, por exemplo, o paciente pode se esquecer de familiares e de realizar rotinas básicas de higiene – ou realizá-las repetidas vezes simplesmente por ter se esquecido de já tê-las cumprido.
No Brasil, estima-se que a doença atinja mais de 1 milhão de pessoas. Por isso, é importante reconhecer os primeiros sinais do Alzheimer para saber como lidar com a doença de um familiar de forma acolhedora e humanizada.1,2
Sinais e sintomas do Alzheimer
Segundo o Ministério da Saúde e a Associação do Alzheimer, em geral, os sinais e sintomas do Alzheimer são:1,2
- Perda de memória de acontecimentos recentes;
- Dificuldade em acompanhar conversas longas e complexas;
- Repetição de perguntas;
- Dificuldade em resolver problemas e criar estratégias;
- Mudança de humor ou de personalidade e afastamento de familiares e amigos;
- Dificuldade para dirigir ou seguir caminhos que antes eram conhecidos;
- Agressividade, estresse e irritabilidade;
- Dificuldade em se comunicar, tanto por escrita, quanto por fala;
- Problemas para entender imagens simples.
Se você notou a presença de algum dos sintomas acima em um familiar, é importante buscar avaliação médica imediata. Além disso, tente ser compreensivo e paciente, pois, muitas vezes, o idoso com Alzheimer fica confuso e não entende a sua raiva ou frustração.
Continue a leitura e entenda melhor como cada um dos sintomas se manifesta nos diferentes estágios do Alzheimer.
Estágios do Alzheimer
O Ministério da Saúde reforça que o quadro clínico se divide em 4 estágios ou fases. Em cada um há sintomas que se manifestam de maneira mais significativa do que em outros, agravando conforme os estágios avançam.1
Estágio 1 (forma inicial)
Na forma inicial da doença, é comum que o paciente sofra alterações na memória, principalmente de acontecimentos recentes. Por exemplo, não se lembrar se escovou os dentes, se já se alimentou ou se tomou banho. Com o tempo, essa perda de memória se estende para fatos antigos.
Também é comum ocorrer mudanças na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. Por exemplo, o paciente não consegue mais reconhecer imagens simples e se torna mais agressivo ou estressado.
Estágio 2 (forma moderada)
Com o avanço da doença, o paciente pode sentir dificuldade para falar, acompanhar conversas longas, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, como se alimentar sozinho e escovar os dentes, por exemplo. Além disso, é comum haver agitação noturna e insônia.
Estágio 3 (forma grave)
Na fase grave da doença, o paciente apresenta resistência à execução de tarefas diárias, como não querer se alimentar e tomar banho. Também é comum ocorrer escapes de urina e fezes podendo, inclusive, realizar suas necessidades em locais inusitados. Devido a essa progressão grave, o paciente tem dificuldade para comer e deficiência motora progressiva, podendo necessitar de ajuda para se locomover.
Estágio 4 (terminal)
No estágio mais grave da doença os pacientes possuem restrição ao leito, ou seja, não podem se locomover sozinhos ou precisam de cadeiras de rodas. Também pode ocorrer mutismo, com os pacientes se comunicando muito pouco, ou respondendo apenas o que lhes é perguntado e com poucas palavras. Além disso, pode ocorrer dor ao engolir e infecções que ocorrem com frequência.
Tratamento do Alzheimer
Devido ao caráter progressivo, o Alzheimer não tem cura, no entanto, os tratamentos visam melhorar os sintomas e diminuir o ritmo de evolução da doença, o que aumenta a expectativa de vida.2,3
Tratamento com medicamentos
O tratamento com medicamentos impede a progressão da doença e a morte das células do cérebro. Além disso, os medicamentos diminuem os sintomas como perda de memória, distúrbios do sono, agitações e confusão mental.4
Siga sempre a orientação e prescrição de medicamentos realizadas por um médico neurologista ou geriatra. E lembre-se que, em razão da perda de memória, o paciente com Alzheimer pode não se lembrar de tomar os medicamentos. Por isso, esses pacientes precisam de uma rede de apoio sólida que seja compreensiva e acolhedora.
Tratamento alternativo e auxiliar
Segundo a Alzheimer’s Association, além do tratamento com medicamentos, é possível associar outras estratégias que também contribuem para melhorar a qualidade de vida do paciente com Alzheimer e auxiliam os familiares a lidar com a condição.2 São elas:
Participação em atividades
Sejam atividades de lazer ou não, essa estratégia melhora o humor do paciente com Alzheimer, pois o torna mais engajado nas tarefas. Experimente inseri-lo em um grupo de dança, arte ou canto, por exemplo.
Intervenções sobre o comportamento
As terapias de conversação ajudam com as mudanças de comportamento que ocorrem no Alzheimer, como nos casos de aumento da agressividade, maior frequência de insônia e perdas de memória, por exemplo.5
Educação em saúde
Familiares, amigos e cuidadores conscientizados sobre a doença terão uma abordagem adequada e mais humanizada com o paciente, não agravando o estresse e as mudanças de humor.
Encorajamento pessoal
Encorajar o paciente a realizar atividades de forma independente, como calçar sapatos e vestir roupa é importante para mantê-lo ativo. Tente inclui-lo em processos como a escolha das roupas, por exemplo, para estimular o pensamento e ação de decisão.6
Facilitação do processo de decisão
Ao invés de deixar opções de escolhas amplas, ofereça apenas duas opções.
Por exemplo: ao invés de perguntar “qual sabor de sorvete você gostaria?”, pergunte “você quer sorvete de chocolate ou de creme?”.6
Certificação de que a dieta está adequada
Pacientes com Alzheimer comumente se esquecem de comer, por isso, é dever dos familiares e cuidadores garantirem a alimentação adequada.6
Eliminação do consumo de álcool e de cigarro
Maus hábitos de vida contribuem para o desgaste do cérebro, portanto, é importante eliminar costumes que aumentam os riscos e pioram o quadro clínico.6
A OMS reforça que estar ativo e praticar exercícios físicos são medidas que ajudam a diminuir o risco de demência e melhoram o condicionamento físico, o que reduz a dependência.
Referências
- Ministério da Saúde. Doença de Alzheimer. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer. Acesso em janeiro de 2023.
- ALZHEIMER’S ASSOCIATION. Alzheimer e demência no Brasil. Disponível em: https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp. Acesso em janeiro de 2023.
- Ministério da Saúde. Qual o tratamento para Alzheimer. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer/tratamento. Acesso em janeiro de 2023.
- ALZHEIMER’S ASSOCIATION. Medications for Memory, Cognition and Dementia-Related Behaviors. Disponível em: https://www.alz.org/alzheimers-dementia/treatments/medications-for-memory. Acesso em janeiro de 2023.
- ALZHEIMER’S ASSOCIATION. Talking therapies for people with dementia and carers. Disponível em: https://www.alzheimers.org.uk/about-dementia/symptoms-and-diagnosis/talking-therapies. Acesso em janeiro de 2023.
- Gauthier Serge et al. 2022. World Alzheimer Report 2022: Life after diagnosis: Navigating treatment, care and support. London, England: Alzheimer’s Disease International. Disponível em: https://www.alzint.org/u/World-Alzheimer-Report-2022.pdf (PDF-14,4mb). Acesso em janeiro de 2023.