A pomada de colagenase normalmente é utilizada no tratamento e limpeza de feridas, escaras e fissuras na pele¹, de difícil cicatrização e com tecido morto. A colagenase é uma enzima que atua na remoção do tecido morto e estimula a formação de um novo tecido, facilitando a cicatrização e contribuindo com a limpeza da ferida.1
É muito utilizada em ambientes hospitalares e em postos de saúde e é manipulada por profissionais que fazem os curativos, uma vez que requer cuidados específicos. Pode ainda ser utilizada pelo paciente ou cuidador em casa1, desde que tomados os cuidados necessários.
É sabido que a cicatrização é mais ágil se não houver a presença de tecido necrosado no ferimento1. Para isso, a colagenase age removendo tecidos mortos da ferida2, de forma indolor e sem sangramento, por meio de sua ação enzimática1,3. Ela pode ser usada em conjunto com técnicas de desbridamento mecânico (pode ser feito por métodos de fricção, úmido-seco, irrigação ou hidroterapia) para retirada dos tecidos que estejam comprometendo a cicatrização1.
Seu mecanismo de ação se dá pela degradação das fibras de colágeno, que fazem com que o tecido morto se mantenha fixado ao leito da lesão1,3. Por fim, a atuação da colagenase atrai para a área tratada, células inflamatórias e fibroblastos (células que sintetizam novas fibras), contribuindo com a cicatrização1. Vale reforçar que o tecido sadio não é afetado pela colagenase.
Quais os benefícios do uso da colagenase?
Um estudo clínico que comparou o uso da colagenase com o hidrogel (também usado para o desbridamento de feridas) mostrou superioridade da primeira substância4. Uma amostra de 27 pacientes com úlceras de pressão foi dividida em dois grupos: uma parte recebeu curativos e a aplicação da colagenase e a outra o hidrogel4.
Entre aqueles que receberam a colagenase, 85% (11 de 13 pacientes) observou-se uma melhora no desbridamento da lesão após 42 dias. Já entre os pacientes tratados com hidrogel, a melhora foi percebida em apenas 29% dos pacientes. O grupo da colagenase também alcançou maior redução na quantidade de tecidos não viáveis e na redução do tamanho da ferida4.
Como a colagenase é usada?
A colagenase está disponível na forma de pomada dermatológica. Ela deve ser aplicada cuidadosamente sobre a ferida a ser tratada, em uma camada de ao menos 2 milímetros de espessura1. Normalmente, a colagenase deve ser utilizada uma vez ao dia e não há dose certa para o produto, já que isso varia de acordo com o tamanho da ferida1.
Ao longo de toda a manipulação da ferida, a higiene deve ser reforçada para evitar infecções e sempre que finalizada a aplicação, um curativo deve ser colocado para cobrir a área afetada. Além disso, deve-se evitar o contato da pomada com a pele íntegra. Entre uma aplicação e outra, o restante da pomada e o tecido morto devem ser retirados com a ajuda de uma gaze umedecida com soro fisiológico1.
O tratamento com colagenase pode ser encerrado quando for possível notar que o tecido da cicatrização está bem estabelecido, com um tom rosado1. No mais, a superfície da lesão deve estar limpa e sem acúmulos de tecidos mortos1. Se isso não acontecer em até 14 dias, é fundamental buscar orientação com o médico responsável pelo tratamento1.
Que cuidados observar durante o uso da colagenase?
Em geral, o uso da colagenase no desbridamento de feridas é bem tolerado1. Alguns efeitos colaterais comuns são dor, ardência e, mais raramente, vermelhidão e coceira1. As contraindicações para o uso de substâncias envolvem hipersensibilidade a ela ou pacientes com queimaduras extensas1.
A eficácia da colagenase depende da manutenção do pH na área da ferida entre 6 e 81. Com isso, curativos com íons metálicos em soluções ácidas devem ser evitados1. Cautela adicional também deve ser conferida a pacientes já debilitados, diante do risco de infecções bacterianas ou sepse1.
Grávidas não devem usar a colagenase sem orientação médica e após o primeiro trimestre de gestação1. Não há restrições especiais para idosos ou pacientes pediátricos1. Por fim, embora também possa ser usada para lesões de pacientes diabéticos, as gangrenas devem ser umedecidas com cuidado1.
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Referências
- Iruxol® Mono [Bula Profissional] São Paulo: Abbott. Disponível em: https://dam.abbott.com/pt-br/documents/pdfs/nossas-bulas/I/BU-06-IRUXOL-MONO-POM-DERM-Bula-Profissional-Final.pdf (PDF-91,6kb) Acesso em 15 de junho de 2023.
- Jung, W., Winter, H. Considerations for the Use of Clostridial Collagenase in Clinical Practice. Drug Investig. 15, 245–252 (1998).
- Associação Brasileira de Estomaterapia. Guia de boas práticas do preparado do leito da lesão. Desbridamento. Disponível em: https://sobest.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Preparo-do-leito-da-ferida_SOBEST-e-URGO-2016.pdf (PDF-1,01mb) Acesso em 15 de junho de 2023.
- Milne CT, Ciccarelli A, Lassy M. A comparison of collagenase to hydrogel dressings in maintenance debridement and wound closure. 2012 Nov;24(11):317-22. PMID: 25876167.