Compreender como tratar escaras contribui para o bem-estar do paciente e para a redução de uma série de complicações associadas ao problema. Por isso, o manejo dessa condição envolve a avaliação da lesão, o controle da sobrecarga de pressão sobre os tecidos, o cuidado com a ferida e a educação de todos os envolvidos no cuidado com o paciente, fortalecendo a prevenção.1
As escaras, também chamadas de úlceras de pressão ou mesmo úlceras de decúbito, são lesões que se desenvolvem quando a pele ou tecidos moles adjacentes são submetidos à pressão externa. Em locais próximos a proeminências ósseas ou com baixa adiposidade (ou seja, com pouca gordura) isso tem mais chance de acontecer.2-4 A fricção e o cisalhamento (deformação por conta da pressão) da pele também contribuem para o desenvolvimento das feridas.5
A partir disso, uma série de processos fisiológicos é desencadeado, prejudicando a perfusão sanguínea. Se tal condição for mantida por longos períodos, pode haver dano no tecido e, por consequência, o surgimento da ferida.6
Quais os fatores de risco para o desenvolvimento de escaras?
Em geral, pacientes idosos, com lesão medular (ou seja, tetraplégicos, paraplégicos ou hemiplégicos), com fratura femoral e/ou internados em unidades de terapia intensiva são os grupos com maior chance de desenvolver escaras.4 Assim, os fatores de risco que podem levar ao surgimento dessas lesões são classificados como intrínsecos e extrínsecos:3,5
· Intrínsecos (inerentes ao indivíduo e à sua condição de saúde):
Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 Kg/m2 ou abaixo de 18,5 Kg/m2, deficiência nutricional proteica, extremos de idade, hipotensão arterial sistêmica, tabagismo, desidratação, doenças crônicas (diabetes, por exemplo), infecções sistêmicas ou locais e o uso de determinados medicamentos.
· Extrínsecos:
Umidade, calor, intensidade da pressão, da fricção e do cisalhamento sobre o tecido.
Uma vez formadas, as úlceras de pressão podem ser avaliadas dentro de diferentes escalas e mecanismos de avaliação. Atualmente, o sistema de classificação mais utilizado é o do National Pressure Ulcer Advisory Panel, que teve sua última atualização em 2016. Ele vai do estágio I, para em que a lesão de manifesta apenas por um eritema, até o estágio IV, onde há perda da espessura da pele e perda tissular.6
Como tratar escaras para um processo de cicatrização adequado?
Uma vez que pode se tratar de uma condição de manejo complexo, que causa dor e prolonga o tempo de hospitalização, a implementação de um tratamento ágil e eficiente para as lesões por pressão é essencial para minimizar esses e outros possíveis impactos.1
1. Fazer a avaliação do paciente
Identificada a condição, a primeira etapa para tratar uma escara envolve uma avaliação completa do paciente. Ou seja, é preciso avaliar não apenas a lesão, como também sua condição clínica.1 Esse acompanhamento cuidadoso facilita ainda o planejamento do tratamento.1
Nesse processo, é importante reunir informações sobre a condição da úlcera (como tamanho, presença de tecidos necróticos, sinais de granulação e epitelização, entre outros indicativos da progressão da ferida).1 Essas avaliações devem ser repetidas periodicamente para identificar se está havendo progresso na cicatrização. Caso contrário, pode ser necessário reavaliar o tratamento.
Em relação ao estado do paciente, os itens essenciais ao cuidado adequado envolvem avaliação da condição clínica, o estado nutricional, a presença ou não de dor e a condição psicossocial.1
2. Controlar a pressão sobre os tecidos
É importante que a pressão sobre os tecidos seja aliviada, de modo a promover a viabilidade do processo de cicatrização.1 Com isso, é possível garantir parâmetros adequados de umidade, temperatura e, claro, pressão para o desenvolvimento de tecidos saudáveis.1
Para isso, podem ser adotadas técnicas de posicionamento e rotação do paciente deitado, sempre evitando a pressão sobre a pele e a úlcera já formada. Além disso, superfícies de suporte para o apoio adequado podem ser úteis.
3. Cuidar da ferida
O cuidado da lesão por pressão exige a limpeza adequada da ferida, o desbridamento dos tecidos necróticos e a aplicação de curativos.1 Eventualmente, alguns pacientes demandam terapias coadjuvantes (como cirurgias reparadoras, por exemplo).1
O desbridamento deve ser feito utilizando método alinhado às necessidades do paciente e de acordo com a evolução do tratamento. Dessa forma, podem ser empregados recursos cirúrgicos/cortantes, mecânicos, larval, autolíticos e enzimáticos.7 Seja qual for o método, o controle da dor é indispensável.1 No desbridamento enzimático, a colagenase pode ser empregada, sobretudo em feridas acima do estágio II, associada a outros métodos de desbridamento e adequada troca de curativos.8
O tipo de curativo deve também ser escolhido mediante avaliação clínica. O material escolhido deve garantir a proteção da ferida, ser bio-compatível1 e fornecer a hidratação apropriada. Ao longo de todo o processo, é fundamental controlar o risco de infecção e identificar possíveis sinais da colonização por microrganismos.1
Além de compreender como tratar escaras, os profissionais de saúde devem ser capazes de orientar pacientes e cuidadores a respeito das melhores formas de prevenção do problema, que traz impactos significativos para o bem-estar dos pacientes.
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Referências
- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Feridas crônicas. Diretrizes da Agency for Health Care Policy and Research. Prática clínica do tratamento de úlceras por pressão (lesão por pressão). Disponível em: <http://eerp.usp.br/feridascronicas/diretriz_tratamento.html>. Acesso em 22 de junho de 2023.
- Gianquinto, M. Úlceras de pressão. In: Marques RG. Técnica operatória e cirurgia experimental. ed. Rio de Janeiro. Guanabara-Koogan; 2005, p. 560-81.
- Marini, F. Úlceras de pressão. In: Freitas EV, Py L, Cançado FAX, Doll J, Gorgoni ML. Tratado de geriatria e gerontologia. ed. Rio de Janeiro. Guanabara-Koogan; 2006, p. 981-91.
- Costa et al. Epidemiologia e tratamento das úlceras de pressão: experiência de 77 casos. Acta Ortop Bras. 2005;13(3):124-32. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/aob/a/wC3d7VBNCgfBHnPBcyvjGSM/abstract/?lang=pt>
- Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Prevenção e tratamento de Lesão Por Pressão. Disponível em: <https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-uftm/documentos/protocolos-assistenciais/prevencao-e-tratamento-de-lesao-por-pressao-protocolo-nucleo-de-protocolos-assistenciais-multiprofissionais-08-2018-versao-2.pdf (PDF-909kb)> Acesso em 22 de junho de 2023.
- Moraes, JT et al. Conceito e classificação de lesão por pressão: atualização do National Pressure Ulcer Advisory Panel. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, [S. l.], v. 6, n. 2, 2016.
- National Pressure Ulcer Advisory Panel, European Pressure Ulcer Advisory Panel and Pan Pacific Pressure Injury Alliance. Tratamento de Úlceras por Pressão: Guia de Consulta Rápida. Disponível em: <http://www.sobende.org.br/pdf/Portuguese-Quick%20Reference%20Guide-Jan2015.pdf (PDF-2,40mb)> Acesso em junho de 2023.
- Associação Médica Brasileira. Úlcera por pressão: Tratamentos. 25 de julho de 2013. Disponível em: <https://amb.org.br/files/diretrizes/2021/12/%C3%9ALCERAS_POR_PRESS%C3%83O_TRATAMENTO_FINAL_2013.pdf (PDF-517kb)> Acesso em: 22 jun. 2023.