Publicado em: 13/09/2023

Cólicas e gases em bebês e crianças: é normal?

Publicado em: 13/09/2023

Cólicas e gases em bebês e crianças: é normal?

Cólicas e gases em bebês e crianças são normais e nem sempre tem uma causa clara. Entretanto, vale observar sinais que indicam algo mais grave

Em geral, as cólicas e gases em bebês e crianças são condições normais, que costumam se resolver por conta própria¹. Além disso, em muitos casos, as causas da cólica permanecem incertas¹.

Entretanto, em parte dos casos, tais sinais podem indicar um problema mais grave. Entre esses possíveis problemas estão a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite de vaca². Logo, as dores devem chamar a atenção dos pais, sobretudo se elas estiverem acompanhadas de outros sintomas, como a diarreia¹.

De todo modo, essa condição pode ser a explicação do choro excessivo e é uma das preocupações mais comuns com a saúde infantil nos primeiros meses de vida¹. De qualquer forma, ainda que normalmente desapareça com o tempo, não há uma maneira específica de resolver o problema¹, embora algumas recomendações possam ser úteis. No mais, para investigar problemas mais sérios, a ajuda profissional é fundamental.

Como as cólicas e gases se manifestam nos pequenos?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, há mais de 50 anos a definição da presença de cólica em bebês leva em consideração a persistência de choro inconsolável, de inquietação e de irritabilidade por mais de 3 horas, ao menos 3 vezes por semana, durante um período superior a 3 semanas². Essa combinação de características recebe o nome de “regra do 3”.

Em recém-nascidos, as cólicas costumam desaparecer até o quarto mês de vida². Com isso, por muito tempo se ignorou tal sintoma, considerando que ele era parte do desenvolvimento natural². Encarar a cólica sempre como normal desconsidera o impacto que esse problema provoca sobre pais e cuidadores². Quadros prolongados de cólicas estão associados a um maior risco de depressão materna, por exemplo³.

Vale lembrar ainda que existem várias causas possíveis para a cólica. Seja como for, quando não há uma causa orgânica clara (como a intolerância à lactose, por exemplo), as explicações mais aceitas envolvem uma combinação da interação de diversos fatores associados ao ambiente da criança².

Quando cólicas e gases em crianças e bebês podem indicar um problema mais sério?

Em casos raros, a cólica pode ser causada por intolerância à lactose ou pela chamada alergia à proteína do leite de vaca. Nos casos de alergia, o sintoma pode surgir mesmo com o contato indireto com a proteína: ou seja, quando a mãe consome derivados de leite de vaca e as proteínas vão parar no leite materno².

Alergia à proteína do leite e intolerância à lactose podem estar relacionados, ainda que os mecanismos de ambos os problemas sejam diferentes⁴. Além disso, a intolerância à lactose tende a ser mais comum em crianças maiores. Com a idade, o corpo pode perder a capacidade de produzir a lactase, enzima responsável pela digestão da lactose presente no leite⁴.

Entre os sintomas digestivos mais comuns de quadros de alergia à proteína do leite, que em alguns casos são similares ao da intolerância à lactose, estão cólicas intensas, diarreia (eventualmente com sangue nas fezes), vômitos, refluxo gastrointestinal e recusa alimentar⁵.

Caso a suspeita em torno das cólicas e gases em bebês e crianças seja relativa ao consumo de leite de vaca e seus derivados, os responsáveis podem tentar excluí-los da alimentação. Se a mãe ainda estiver amamentando, ela também deve retirar esses alimentos da dieta. Assim, se a cólica parar, mas retornar com a reintrodução dos alimentos em questão, pode ser sinal de que o leite está influenciando nas dores². Em todo caso, a avaliação do pediatra é indispensável, sempre. O profissional pode recomendar fórmulas apropriadas caso o problema seja confirmado².

Como lidar com cólicas em bebês?

As recomendações para minimizar os sintomas das cólicas em bebês e crianças podem passar por algumas medidas simples. Entre elas estão²:

Segurar o bebê no colo, tentando manter contato direto com a barriga dele.
Enrolar o bebê em um cobertor.
Flexionar as coxas sobre a barriga.
Dar um banho morno.
Aplicar compressas sobre a barriga.
Evitar lugares com muitos estímulos (com barulho ou muitas pessoas, por exemplo).
Procurar um ambiente calmo.
Manter uma rotina.
Não utilizar chás, medicamentos ou fazer trocas na alimentação sem orientação do pediatra.

Embora alguns medicamentos possam aliviar os sintomas, geralmente não são recomendados para crianças abaixo dos 6 meses¹. Além disso, eles jamais devem ser usados sem a devida orientação profissional.