Todas as pessoas terão episódios de elevação da temperatura em diferentes fases da vida. No entanto, quando falamos de bebês e crianças, isso pode gerar maior preocupação. Por esse motivo, vale entender: a partir de quanto o aumento da temperatura deve ser considerado febre em criança?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)(PDF 154KB) , deve-se considerar febre quando houver registro de temperatura axilar (medição com termômetro na axila) acima de 37,3^oC ¹. Isso porque a temperatura axilar normal varia de 36,5^oC pela manhã a 37,2^oC pela tarde².

De modo geral, a SBP caracteriza como febre em pediatria as seguintes temperaturas¹:

• Temperatura retal* (termômetro no reto) acima de 38 ºC – 38,3 ºC;
• Temperatura oral (boca) acima de 37,5 ºC – 37,8 ºC;
• Temperatura axilar (axila) acima de 37,2 ºC – 37,3 ºC;
• Temperatura auricular (ouvido) acima de 37,8 ºC – 38 ºC.

*A literatura internacional costuma adotar a temperatura retal, considerada a mais precisa, para aferir (medir) a temperatura interna. A técnica consiste em inserir o termômetro apropriado no reto a 5 cm, no lactente (criança ainda em fase de amamentação), e a 7 cm em crianças e adolescentes, por 2 minutos².

Conheça as causas mais comuns de febre na infância

Em geral, a febre é uma resposta do organismo a uma variedade de estímulos como infecções, lesões, inflamações. Veja, portanto, algumas das causas mais comuns de febre em crianças⁴:

• Infecções respiratórias provocadas por vírus (caso de gripes e resfriados);
• Gastroenterite (infecção provocada por vírus que atinge o intestino);
• Infecções bacterianas (otite, popular dor de ouvido; infecções de urina; pneumonia).

Já as causas menos comuns podem envolver⁴:

• Infecções bacterianas de pele;
• Infecções na articulação;
• Presença de bactérias no cérebro;
• Insolação.
  
  

Situações cotidianas em que a febre pode estar presente no bebê

1.      Reação às primeiras vacinas

Ao tomarem as primeiras vacinas, os bebês e crianças podem ter algumas reações e, entre elas, a febre. No geral, a elevação da temperatura nesses casos não é motivo de preocupação e costuma passar em poucos dias. Outras reações adversas que também podem aparecer nessa faixa etária são vermelhidão e inchaço no local da aplicação, irritabilidade, choro e sono excessivo⁵.

2.      Nascimento dos primeiros dentes dos bebês

Alguns autores sustentam a associação entre febre e erupção dentária. Para eles, isso pode ocorrer devido à pequena inflamação que o processo causa na gengiva. Outros estudos, no entanto, defendem que não há uma relação clara entre causa (nascimento dos dentes) e efeito (presença de febre). De todo modo, é indicado consultar o pediatra e/ou o dentista para tratar do desconforto do bebê⁶.

Quando buscar o médico em razão da ocorrência de febre?

A ida ao médico deve ser considerada diante de algumas condições, segundo a organização Kids Health⁷:

• Se a criança parecer muito abatida, recusar beber líquidos e tiver diarreia ou vômitos repetidos;
• Ao sinal de febre acompanhada de desidratação, que pode ser notada em situações de a criança fazer menos xixi do que o normal ou não ter muitas lágrimas ao chorar;
• Se a criança se queixar de dor de garganta ou dor de ouvido e a febre estiver presente há mais de 24 horas (em crianças com menos de 2 anos) e mais de 72 horas (em crianças com 2 anos ou mais);
• Se a criança já tiver diagnóstico de algum problema crônico como doença cardíaca, câncer, lúpus;
• Se a criança apresentar alguma lesão na pele;
• Caso a criança apresente dor ao fazer xixi.

Outras condições, como as descritas abaixo, podem ser consideradas como emergência e requerem atendimento imediato⁷:

• Irritabilidade muito evidente ou confusão mental;
• Lentidão ou dificuldade para acordar;
• Manchas roxas na pele, que se parecem com hematomas;
• Lábios, língua, unhas ou pele azulada;
• No caso de bebês, se apresentar fontanela (moleira) afundada;
• Queixa de dor de cabeça forte;
• Dificuldade para respirar;
• Dor de barriga moderada a grave;
• Frouxidão ou recusa em se mover.

Como tratar a febre durante a infância?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o uso de antitérmicos para controle da febre pode ser considerado quando essa está associada ao desconforto da criança, que pode apresentar choro, irritabilidade, comportamento menos ativo e redução do apetite¹. Vale ressaltar, no entanto, que profissionais médicos, sejam do pronto atendimento, ou o pediatra que costuma acompanhar a criança, são os mais capazes de orientar pais e cuidadores quanto ao uso de medicamentos e a dose ideal desses após anamnese (perguntas sobre o histórico infantil e familiar) e exame físico.

Gostou desse conteúdo? Continue a leitura pelo nosso site e veja mais!

Referências

1. BARROS, D. Febre aguda: orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Pebmed. 2021. Disponível em: https://pebmed.com.br/febre-aguda-orientacoes-da-sociedade-brasileira-de-pediatria/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext Acesso em outubro de 2022.
2. MURAHOVSCHI, J. A criança com febre no consultório. J Pediatria (Rio J). v.79, supl.1, p.S55-64, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/jFq9jVMGQyXns5KqXwLXT7p/?format=pdf&lang=pt (PDF 58,8KB). Acesso em Outubro de 2022.
3. FERNANDES, T. F. Febre não é doença, é um sinal. Recomendações. Atualização de Condutas em Pediatria. Departamentos Científicos SPSP. Departamento de Pediatria Ambulatorial. Sociedade de Pediatria de São Paulo. Gestão 2016-2019. P. 6-9. Abril, 2019. Disponível em: https://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec87_2.pdf (PDF 154KB). Acesso em Outubro de 2022.
4. CONSOLINI, D.M. MD Thomas Jefferson University Hospital. Febre em bebês e crianças. Manual MSD. Versão Saúde para Família. 2020. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/sintomas-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/febre-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as . Acesso em Outubro de 2022.
5. PEDROSO, M. Qualquer vacina pode provocar reações e por diversos fatores. Agência Brasília. Governo Federal. 2021. Disponível em: https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2021/08/17/qualquer-vacina-pode-provocar-reacoes-e-por-diversos-fatores/ Acessado em Outubro de 2021.
6. VASQUES, E.F.L et al. Manifestações relacionadas à erupção dentária na primeira infância – percepção e conduta dos pais. RFO UPF. Vol. 15. Nº2. Passo Fundo. Ago. 2010. Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-40122010000200005#:~:text=Deve%2Dse%20ressaltar%20que%20a,durante%20este%20per%C3%ADodo22%2C24%20. Acessado em Outubro de 2022.
7. Murrem-Boezem, J. MD. Fevers. Kids Health. Disponível em: https://kidshealth.org/en/parents/fever.html Acesso em Outubro de 2022.